Auto-hemoterapia, eficaz e inofensiva ou uma aventura irresponsável?
Publicado por Ricardo Coelho
Em abril de 2012 meu irmão mais velho comentou comigo sobre uma terapia alternativa que ele estava realizando e que se tratava de um procedimento simples, retirar seu próprio sangue e aplicar em seguida no músculo. Naquele momento inicial, pareceu-me uma técnica novíssima, muitíssimo estranha, coisa de maluco, “antinatural” e perigosa, mas disse a mim mesmo, vou pesquisar e estudar o assunto.
Sou engenheiro, nunca fui muito bom em biologia, não entendo absolutamente nada de medicina, mas os anos de profissão nos proporcionam visão e análise crítica, o mapa do caminho para encontrar as informações que necessitamos além obviamente de fazer cálculos, analisar e gerenciar os riscos.
A internet atualmente nos facilita o acesso à informação e investiguei sobre a AHT no Brasil e no mundo. Vi e revi a entrevista do iluminado Dr. Luiz Moura, li e reli os trabalhos do Dr. Jésse Teixeira e do Prof. Ricardo Veronesi, além dos diversos textos do Dr. Jorge Martins Cardoso e muitos artigos internacionais sobre o assunto. Após alguns dias de pesquisa e estudo, decidi experimentar, afinal estava cansado das consultas médicas, antibióticos, descongestionantes, antitérmicos, anti-inflamatórios e demais produtos do arsenal da indústria farmacêutica para as crises de sinusite que tinha todo ano nos últimos 30 anos.
Hoje, após exatamente um ano realizando a AHT, não apenas comprovei os benefícios, pois não tive mais nenhuma crise de sinusite, gripe ou resfriado como também não observei nenhum efeito colateral.
Ao ler o parecer do Conselho Federal de Medicina CFM Nº12/07 do digníssimo relator Dr. Munir Massud sobre a Auto-Hemoterapia, não apenas pude perceber que se tratava de um parecer bastante tendencioso e com alguns erros ou “neologismos” como muito bem colocado pelo Dr. Jorge Martins Cardoso em seus artigos, bem como me espantei com alguns trechos do parecer que destaco abaixo:
“Assim, não foi possível obter estudos confiáveis e com força de evidência científica elevada que indiquem ser a auto-hemoterapia propriamente dita um procedimento efetivo e seguro. O que existe em abundância é uma propaganda na Internet em linguagem inadequada à ciência, às vezes vulgar, desprovida de cultura científica, que pretende convencer pela dramaticidade de relatos de casos isolados sobre uma grande variedade de enfermidades e de estudos carentes de metodologia científica.”
“Em conclusão, a auto-hemoterapia não foi submetida a testes genuínos, não foi corroborada, e nada há, além de indícios, casos isolados narrados com dramaticidade, que pouco se prestam a provar coisa alguma perante a ciência e que ampare o seu valor, sendo o seu uso atual em seres humanos uma aventura irresponsável.”
Estudos confiáveis, evidência científica, linguagem vulgar, dramaticidade, casos isolados, carente de metodologia cientifica, testes genuínos, aventura irresponsável, ora, ora, ilustríssimo Dr. Munir Massud, como explicar então os inúmeros trabalhos científicos e os milhares e milhares de relatos de cura e a favor da AHT e nenhum relato de problemas ou efeitos colaterais?
Como explicar que na década de 30, quando ainda não existiam os antibióticos, a academia nacional de medicina permitia e os médicos utilizavam o procedimento? Aventura irresponsável?
Vejam abaixo que em 20 de julho de 1934 o Jornal do Brasil trouxe em sua página 20, a estatística da assistência médica aos empregados municipais do Rio de Janeiro constando todos os procedimentos e serviços prestados que haviam sido realizados até junho daquele ano aos servidores públicos incluindo 470 injeções de Auto-hemoterapia.
Todos podem comprovar no acervo digitalizado do Jornal do Brasil desde a sua primeira edição em 09 de abril de 1891, que a técnica era praticada pela área médica. Para acessar o acervo já inserido pela Biblioteca Nacional na HDB acesse: http://hemerotecadigital.bn. br/jornal-do-brasil/030015
Caríssimo Dr. Munir Massud, será que somente hoje, após quase 80 anos o procedimento se tornou uma aventura irresponsável? Desculpe-me Dr. Munir Massud, mas tentar nos convencer hoje que um procedimento que sempre foi utilizado pelos bons médicos no Brasil e atualmente em todo o mundo é uma aventura irresponsável soa no mínimo como um atentado contra nossa inteligência.
Acredito que a Auto-hemoterapia pode não curar todas as doenças, que apenas alivia o sofrimento dos doentes em algumas delas, que deva ser utilizada em vários casos como uma terapia complementar, pois não podemos de forma alguma ignorar e utilizar os avanços que a medicina teve nesses 80 anos, porém os novos médicos não podem ficar alheios ou mesmo desconhecer a técnica e benefícios da AHT e utilizar quando necessário e principalmente quando o paciente assim o desejar.
Afirmo que no meu caso, a AHT foi e está sendo muito eficaz e completamente inofensiva!
Termino esse desabafo com as palavras finais do Dr. J. de Oliveira Botelho em uma palestra apresentada à academia nacional de medicina: “A cura pela vacina autoterápica” uma pequena variação da auto-hemoterapia e que o Jornal do Brasil trouxe em sua página 13 em 04 de agosto de 1936:
“Deploro que os homens responsáveis pela coisa pública no Brasil já não tenham levado para os hospitais do país a minha terapêutica, que além de ser completamente destituída de perigos e de reação, iria fazer uma imensa economia nos gastos hospitalares, desde que o remédio leva o doente consigo mesmo, em suas próprias veias. Talvez que algum dia esse momento possa chegar e então verão os médicos da minha pátria, a luz da evidência, que a vacina do próprio sangue veio reformar pela base a arte de curar”.
Abraço a todos,
Ricardo Tadeu Coelho
Engenheiro, 48 anos, casado, 2 filhos, adepto e agora defensor da AHT.